sábado, 14 de maio de 2016

Chega de mortes nas Favelas! Favelado também tem direitos!



Após uma semana de muita tensão, preocupação e medo em nosso Morro, sempre temos a esperança de que os dias vindouros serão melhores e quem sabe com alguma possibilidade de paz e tranquilidade para todos nós moradores.
Nesta atual conjuntura de tanta morte e baleados nas favelas diariamente, ESPERANÇA, verdadeiramente é o que nos move para seguirmos em frente. A morte de um favelado, seja aqui ou em qualquer outra favela, não pode ser visto como algo comum, um engano natural de uma incursão policial, uma falta de sorte do atingido ou uma ação do acaso. Somos pessoas com sentimentos, sonhos, planos e direitos. Não queremos ter a nossa caminhada aqui na terra finalizada por um projétil de fuzil. A morte naturalmente, é algo que nos traz tristeza, vazio, perda, independente de quem seja, se é parente, conhecido ou não. Quando se mata numa comunidade pobre dessa forma tão violenta, indiferente e natural pela mão daqueles que deveriam prover a segurança como vimos e ouvimos ao longo de tantos anos, isso nos causa uma profunda dor no íntimo de nossa alma, pois o desconhecido que morre hoje, pode ser o conhecido de amanhã, um de nossa família ou até mesmo um de nós. 
Porque a política de segurança nessas comunidades são sempre para atirar antes....e procurar saber dos antecedentes depois? Será que não percebem que há milhares de moradores que estão no raio de ação dos tiros e nos atingir é algo que acontecerá quer queiramos ou não, quer estejamos atentos ou não. Será que numa eventual troca de tiros dentro de um condomínio de luxo (algo difícil de se ver) da zona sul ou Barra da Tijuca do Rio as ações e atitudes são iguais? Porque?
Parece que estamos sendo abatidos como animais em tempo de caça sem direitos ou escolhas. Quantas crianças, jovens e adultos não morreram por conta de operações policiais, quantos sonhos, projetos e planos não foram desfeitos? Quantas famílias foram arrasadas pela mesma situação?
O que o estado faz para mudar? Nada... O número de moradores atingidos e mortos só aumentam a cada dia as estatísticas dessa política de segurança pública do nosso estado, pois é para isso que eles acham que servimos, só números em estatísticas.

A favela apesar de ser um local com suas especificidades e dificuldades, ela tem valor. Quando falamos do valor da favela, falamos de seus moradores que tanto trabalharam para se sustentar para desenvolvê-la.
Chega de tiros, balas perdidas e mortes.

A morte na favela, nunca será algo comum pra nós.
Comum é termos o direito de subir e descer a comunidade sem ser rotulado pela polícia ou por aqueles que não conhecem a favela e julgam ter nelas tudo de ruim possível e imaginário.


Moramos na favela e somos pessoas de valores e com valores.